OS DOIS IRMÃOS
Um foi prisioneiro na Alemanha
e há trinta anos olha fixamente o pão
como se tivesse a fome de outrora.
O outro fez a guerra em África
e a água no copo contempla-a
com a sede do deserto.
Hoje fechados em casa
não querem ver ninguém.
Dormem de costas voltadas
com o rosto afundado no travesseiro
da grande cama.
Às vezes saem de noite
por estradas largas e vazias
como a Lua e a Terra no céu
um atrás do outro
não se sabe para onde.
Tonino GUERRA
(1920-2012)
Trad. de Mário Rui de Oliveira.
joan margarit / idade vermelha
Há 12 horas
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