MIOPIA
Sempre que vejo
o que os meus olhos não queriam
ver
(mas que sabem ser verdade)
É sempre este doer.
Como se a minha sensibilidade
estivesse toda no olhar e ver.
Como se a minha revelação
apenas viesse inteira,
para além da fronteira
do que os meus olhos dão.
Sempre que vejo...
Porque me dói assim?
Porque se desprende em mim
essa mágoa-essência
de surpresa retardada?
A minha consciência
está míope e cansada.
Fernanda BOTELHO
(1926-2007)
joan margarit / idade vermelha
Há 13 horas
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