OS ABANDONADOS PELA MORTE.
Um com um punho apoiado na cara,
o outro com a cabeça afundada nas mãos
e o terceiro com os olh0s abertos para o vazio
os três velhos dormitam ao redor da mesa, na esplanada de um bar.
Depois do café, acalorados, esperam a desconhecida
que nos sonhos os visita, pacientes ou impacientes,
e acaricia as máscaras dos seus rostos,
que o suor desenha e apaga.
De súbito, o ruído de uma moto
e um par jovem e enlaçado atravessa a estrada,
depois o estrondo, os previsíveis sinais da morte
que procura a juventude e não os corpos decrépitos.
Os três velhos olham-se e choram o seu abandono.
Juan Luis Panero
(1942-2013)
In "Poemas"
Trad. de Joaquim Manuel Magalhães.
joan margarit / idade vermelha
Há 12 horas
Estive a ler os 5 poemas que publicas - e estou conquistada. Magnífico o modo como Panero retrata a velhice - magnífico e doloroso: as memórias como passado, a morte como único futuro e a não existência no presente, a invisibilidade no presente. É isto, a velhice...
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