HÁ UMA ROSEIRA DE SOMBRA QUE PERFUMA.
Há uma roseira de sombra que perfuma
somente o sonho, e que jamais é
sonho ela própria, mas sombra realidade.
Não faz sonhar acordado nem sonhar
em sonhos, e seus ramos têm rosas
de condensada sombra em que um orvalho
vesperal acha abrigo e tanta vida
concede ao fundo de seu aroma.
Cobre a roseira, com umbrosos ramos
de sombra, as moradas que constrói
ou habita o sonho, e os jardins
por onde passeia a nostalgia
e o desejo, os montes e os vales
- e é só roseira cujas folhas contasses -
abertos ou fechados ao teu sonho.
E o aroma entre sombra de suas rosas
aroma sempre a sombra dessas pétalas.
Ángel Crespo
(1926-1995)
Tradução: José Bento
Mario Quintana (O deixador)
Há 9 horas
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