sábado, 11 de outubro de 2014

SOLIDÃO: SOLITÁRIO


A grande solidão que me penhora
os trastes com que enfeito a minha casa.
Por dentro, por fora.
Em mim e no que os meus olhos tocam
até ficar vazio,
senhor de tanto frio
e paredes brancas.

A grande solidão feita de cinzas
de cigarros fumados.
De mortos vivos.
De vivos mortos.
Onde encontrarei quem me refaça
a casa.
Lhe dê a marca
intacta
da minha solidão?
Somente paredes nuas.
Amigos mortos e vivos
na solidão.

Ruy Cinatti
(8/3/1915-12/10/1986)

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