![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguNFRKOOROiTS1_gK1MKTE3k6WFej0hfEeYdpOxuNyzb_eYBVoEs-gzsGMRFzVB-PbBVvgtf0Q5wIGhV3VqaA6MKPKrvnlhmfc6UA8JmAwIzisUawCzf08WrnhzjvPBQAcWXc24Tz-Om9A/s320/index.jpg)
SAUDADE DA PROSA
Poesia, saudade da prosa;
escrevia "tu", escrevia "rosa";
mas nada me pertencia,
nem o mundo lá fora
nem a memória,
o que ignorava o que sabia.
E se regressava
pelo mesmo caminho
não encontrava
senão palavras
e lugares vazios:
símbolos, metáforas,
o rio não era rio
nem corria e a própria morte
era um problema de estilo.
Onde é que eu já lera
o que sentia, até a
minha alheia melancolia?
Manuel António Pina
In "Poesia, Saudade da Prosa"
Sem comentários:
Enviar um comentário