![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGcppE8zsRIiT4jUEh7o9DGgatfqz0gQhg952jeN83MrzNV5gIymOxlg9htJgxNRi5SDHbNbQOwP_sh-S49T0mQzD5qKvi8Tu8EHzzkF9BgJH_nROXr4Q-60QHZieRV9le-DtirtOE0lmq/s320/index.jpg)
ESPLANADA
Naquele tempo falavas muito de perfeição,
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares.
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão,
agora lês saramagos & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro dentro de mim.
O café agora é um banco, tu professora de liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas úteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.
Manuel António Pina
In "Poesia, Saudade da Prosa"
(Uma antologia pessoal)
Sem comentários:
Enviar um comentário