segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O DESEJO ERA UM PONTO IMÓVEL


Os corpos ficavam do lado solitário do amor
como se um ao outro se negassem sem negar o desejo
e nessa negação um nó mais forte que eles mesmos
os unisse indefinidamente.

Que sabiam os olhos e as mãos,
que sabia a pele, que retinha um corpo
da respiração do outro, quem fazia nascer
aquela lenta luz imóvel
como única forma do desejo?

José Ángel Valente
(1929-2000)
Trad. de José Bento.



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