OS PASSOS
Mais noite que nas ruas cabe no homem
quando passa. O que buscamos?
Creio que além existe uma muralha.
Cai a desolação por terra. É solo.
Que charco. Que silêncio.
O limite, que claro. Noite crua,
faz-nos como teu gelo.
O diamante é duro. Está no fim.
O enxofre é ardente. Ultrapassa-se,
transborda, chega ao mais além. O seu triunfo
é um delírio. Oh morte.
Mas nós somos turvos.
Não coalhamos.
Não vemos bem a sombra.
E, contudo, que ágeis,
que fugitivos, ao dobrar a esquina,
subimos pela noite,
fugimos, perdemo-nos
nos anos.
César Simón
(1932-1997)
In "Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea"
Trad. de José Bento
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