VI APENAS UMA VEZ
Vi apenas uma vez
um sol tão ensanguentado.
E nunca mais
Descia funesto sobre o horizonte
e parecia
que alguém havia escancarado as portas do inferno.
Perguntei pelo observatório astronómico
e hoje sei o porquê.
O inferno, conhecemos: está em toda parte
e caminha sobre duas pernas.
E o paraíso?
Talvez o paraíso nada mais seja
além de um sorriso
por muito tempo esperado
e lábios
que murmuram o nosso nome.
E aquele frágil instante fabuloso
quando depressa podemos esquecer-nos
do inferno.
Jaroslav Seifert
(1901-1986)
Trad. de Aleksandar Jovanovic.
Eloy Sánchez Rosillo (Tarde de Junho)
Há 55 minutos
Sem comentários:
Enviar um comentário