INVERNIA
Traz o vento do mar tempestades escuras
e canta ladainhas de Inverno nos pinhais:
faz noite - dia e noite - em todas as casas.
Passa um gemido pela costa - tá mar !
(Só nos peitos rugem marés-cheias de largada,
só os olhos são barcos a navegar...)
E todo o Inverno, de cabeça tombada
como barco inútil varado de mágoa,
fica na praia um pescador enorme:
- tem um pé na areia, o outro na água,
nas mãos uma sardinha podre
e nos olhos o sal de todos os mares!...
MANUEL da FONSECA
(1911-1993)
joan margarit / idade vermelha
Há 4 horas
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