A MORTE BELA
Que me vais magoar, morte?
Não me faz doer a vida?
Porque hei-de ser mais ousado
para o viver exterior
que para o fundo morrer?
A terra, que é mais que o ar?
Porque nos há-de asfixiar,
porque nos há-de cegar?
porque nos há-de esmagar,
porque nos há-de calar?
Porque morrer há-de ser
o que chamamos morrer,
e viver só o viver,
o que calamos viver?
Porque o morrer verdadeiro
(o que calamos morrer)
não há-de ser doce e suave
como o viver verdadeiro
(o que chamamos viver?)
Juan Ramón Jimenez
(1881-1958)
Prémio Nobel 1956
Trad. de José Bento
In "Antologia Poética)
joan margarit / idade vermelha
Há 6 horas
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