NOS JARDINS, NA MODORRA EM QUE SE ALONGAM
Nos jardins,na modorra em que se alongam,
a cadência do passo marca o triste
e belo dia. Os que passam mondam
tudo o que neles em vão ainda insiste:
Rota a fachada! Morna, a tarde cai;
autómatos povoam a cidade.
(Só uma ronda de crianças vai
lavando a nódoa. Feliz idade.)
Que náusea isto me dá! Que calma vã
de que o pisar burguês todo se veste!
Cinza. Nada que a vida lhes aloire.
E o cheiro que incomoda a gente sã
e vem dos bairros pobres onde há peste...
- Mais sol! Bomba de sol que tudo estoire!
João José Cochofel
(1919-1982)
Nos jardins,na modorra em que se alongam,
a cadência do passo marca o triste
e belo dia. Os que passam mondam
tudo o que neles em vão ainda insiste:
Rota a fachada! Morna, a tarde cai;
autómatos povoam a cidade.
(Só uma ronda de crianças vai
lavando a nódoa. Feliz idade.)
Que náusea isto me dá! Que calma vã
de que o pisar burguês todo se veste!
Cinza. Nada que a vida lhes aloire.
E o cheiro que incomoda a gente sã
e vem dos bairros pobres onde há peste...
- Mais sol! Bomba de sol que tudo estoire!
João José Cochofel
(1919-1982)
Na verdade
ResponderEliminarSempre tão triste, tão solitário, tão belo!
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