AMIZADE
Ser-se amigo é ser-se pai
( — Ou mais do que pai talvez...)
É pôr-se a boca onde cai
A nódoa que nos desfez.
É dar sem receber nada,
Consciente da prisão,
Onde os nossos passos vão
Em linha por nós traçada...
É saber que nos consome
A sede, e sentirmos bem
O Céu, por na Terra, alguém
Rir, cantar e não ter fome.
É aceitar a mentira
E achá-la formosa e humana
Só porque a gente respira
O ar de quem nos engana.
Pedro Homem de Melo
(1904-1984)
in "Miserere"
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