António Manuel Couto Viana morreu hoje com 87 anos de idade.
PEDRA TUMULAR
A minha geração fugiu à guerra,
Por isso a paz que traz não tem sentido:
É feita de ignorância e de castigo,
Tão rígida e tão fria como a pedra.
Desfazem-se-lhes as mãos em gestos frágeis,
Duma verdade inútil por vazia,
E a língua imóvel nega o som à vida,
Por hábito ou por falta de coragem.
Se há rumores lá de fora,às vezes,lembra:
Porque é que pulsa o coração do mundo,
Precipitado,angustioso,ardente?
Mas depressa submerge na indiferença
-Que lhe deram um túmulo seguro;
E o relógio dá-lhe horas certas,sempre.
António Manuel Couto Viana (24/01/1923-08/06/2010)
(23 de Março de 1954)
"in Mancha Solar,1959"
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