HOMEM DIANTE DO MAR
É como eu, sinto a angústia e o sangue.
Sublime na tristeza, segue em direcção ao mar,
para que o sol e o vento possam mitigar a sua agonia.
Sereno jaz o rosto, e o coração em ruínas
quer viver ainda para morrer mais.
É como eu, vejo com os olhos extraviados.
Procura a guarida da noite marinha,
arrasta também a consumida parábola de um voo
sobre o velho coração.
Segue vestido com a solidão nocturna.
As mãos suspensas sobre o frémito oceânico,
suplica ao tempo marinho que o liberte
do golpe sem tréguas a agitar
o seu velho coração repleto de sombras.
Sinto como se ele fosse o meu retrato
moldado pela cólera eterna
de um mar interior. Sublime na tristeza
tenta, em vão, não calcinar a areia
com o ácido amargo das suas lágrimas.
É como se fosse meu
o seu velho coração repleto de sombras.
Hérib Campos Cervera
(Paraguai)
(1905-1953)
Trad. de Jorge Henrique Bastos.
luís veiga leitão / filho do povo
Há 2 horas
Sem comentários:
Enviar um comentário