MITO
Quem te fez mulher, sabia
O futuro dos mitos.
Mas quem te amou, apenas possuía
De ti a claridade dos incêndios.
Sei apenas que te chamas,
E, do do teu corpo, apenas que está quente,
E da tua presença em mim
Sei que é tão real como aparente.
O teu perfil é longínquo
Como o dum mar sem areia,
E aquele pequeno barco, ao largo dos teus olhos,
Sei que é real, apenas como ideia.
Submerso no fundo das imagens,
O que te dou, apenas dado,
Se volve em nunca dei.
Teu corpo é o tempo num arco
Sem presente nem passado,
E o vento não leva o barco,
É o barco que o leva ao lado.
De ti é tudo o que eu sei.
António Norton
In "A Outra Face"
Sem comentários:
Enviar um comentário