Detestei sempre os arquitectos de infinito: como é feio fugir quando nos espera a vida! Nunca tive saudades do futuro e o passado... o passado vivi-o, que fazer?! - e não gosto que me ordenem venerá-los se eu todo não basto a encher este presente. Não tenho remorsos do passado. O que vivi, vivi. Tenho, talvez, desprezo por esta débil haste que raramente soube merecer os dons da vida, e se ficava hesitante na hora de passar da imaginação à vida. As pazadas de terra cobrindo o que já fui sabem mal, às vezes; noutros dias deliro quando lanço à vala um desses seres tristonhos que outrora fui, sem querer.
Adolfo Casais Monteiro (1908-1972) In "Sempre e Sem Fim, 1937"
Como gosto de o ler. Como ele me lê...
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