sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Rosalia de Castro
NEGRA SOMBRA
Quando penso que te foste,
negra sombra que me assombras,
ao pé do meu travesseiro
tornas fazendo-me troça.
Quando imagino que és ida,
no sol mesmo te me mostras,
e tu és a estrela que brilha,
e tu és o vento que zoa.
Se cantam és tu que cantas;
se choram és tu que choras;
e és o murmúrio do rio
e és a noite e és a aurora.
Em tudo estás e tu és tudo,
p'ra mim e em mim mesma moras,
Nem me abandonarás nunca,
sombra que sempre me assombras.
Rosalia de Castro
(1837-1885)
in "Antologia Poética / Cancioneiro Rosaliano)
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